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sábado, 21 de novembro de 2015

Voo de Perfeição



De repente acordei. Sonhei contigo. Estava a nadar no mar, debaixo de água, como um peixe, observando uma multidão de pessoas nadando pela superfície. Depois reparei em ti. Estavas debaixo de água como eu. Houve troca de olhares. Foi estranho… 
Não me apetece dormir mais. Vou passear...
Caminho pelo bosque nocturno, quase não vejo, quase não sinto, quase não ouço. Os frágeis cinco sentidos do meu corpo não se estendem para mais… Tão farto disto que me estou! Vou fazer o que não devo, vou contrariar as leis da mãe Natureza apesar de todos os “mas”... Para alguma coisa esse poder me foi atribuído, e sendo assim porque hei de me abster dele? Perscruto a escuridão a procura de um morcego certo. Até que vem um, negro como a noite. Brinca comigo, voa as voltas, aparece e desaparece, pisca por entre os raios da escuridão. Veloz e alegre ele, observa-me trás a sua dimensão… Os nossos olhares cruzam-se durante um milésimo de instante, porem mais do que suficiente para transição do meu eu. O meu corpo cai morto no meio de musgos e folhas secas, a respiração pára… Quando voltarei, as raposas poderão ter ruído o meu pescoço… Mas agora não importa, o morcego voa, voa para onde eu quiser! Outra dimensão de sensação mais potente, mais plena, mais sublime! Outra forma de ser e amar… Amar sem obstáculos que não existem no voo de um morcego. Amar num voo de perfeição!
Quando reparares num morcego brincando as tuas voltas, lembra-te, este posso ser eu, observando-te duma outra dimensão.