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domingo, 28 de dezembro de 2014

Dedicated to Julia Wang


E disse ela - a cidade e o mundo não existem.
Como soletra, a verdade arrancou-me do ataúde da pureza,
A voz e os passos dela, igual a chuva de moedas prateadas,
Romperam entre as paredes do meu vazio universo,

E levantar-se-ão da lama todos meus corpos perecidos,
E todos os pecados ressuscitarão, porque por mim chamaste,
Não fiques furiosa com o vento que uiva tanto, é sua adoração por ti.
E assim será, deixa chorar as nuvens, deixa a escuridão reinar.

Dormi de mais, sim despertei, mas sinto-me cansado,
O meu bosque de carvalhos mantem saudades no meio das montanhas,
Lá o silêncio e as corujas observam carinhosamente ombros meus,
E eu lá, por vez acendo e por vez apago as velas de algumas vidas.

Fico deitado relaxado entre as árvores sábias e poderosas,
Mergulho as mãos no húmido e frio húmus e peço um encontro,
E virão de todo lado os espíritos e sombras, e senhores da noite,
E estremecerá a densidão do bosque da união tão esperada,
E pedirão palavra minha, mas nada lhes direi,
Derrubarei o céu ao infinito simplesmente.

Espírito de caos, linda, por mim tens invocado,
Sem mais, eu vim dizer - não és sozinha, quem olha trás da eternidade.

Fonte orinal (russo)
Джулие Ванг посвящается.

Она сказала, города и мира нет!
Как заклинание, правда вырвала меня из гроба чистоты,
Шаги ее и голос словно дождь серебряных монет,
Звеня ворвались между стен моей вселенной пустоты.

Из грязи встанут все мои погибшие тела,
И все грехи воскреснут, потому что ты звала,
Ты не гневись что ветер дерзко воет, это его тебе хвала,
Да будет так, пусть тучи ноют,  пусть воцарится мгла.

Я слишком долго спал,  да пробудился я, но я  устал...
Уж заждался мой лес дубовый между скал,
Где тишина да совиный оскал, мягко глядят мне на плечи,
А я лишь зажигаю или тушу чьих то жизней свечи.

Лягу, меж  могучих и мудрых древ, расслаблю плечи,
Опущу руки в холодный и мокрый гумус, попрошу о встрече,
И придут отовсюду Духи и Тени, и Хозяева вечера,
И содрогнется дремучий лес  от долгожданной встречи,

Попросят слово молвить - не стану,
Просто обрушу небеса в бесконечность,
Мой милый дух хаоса ты звала,

И пришел я сказать лишь одно, ты не одна смотришь в вечность.

sábado, 29 de novembro de 2014

Transformação


Entre os cobertores fofos e brancos, perco a entidade própria. As línguas de frio lambem as precianas. Três da manha, badalaram as campanas. As janelas e porta bem fechadas, nada passa. Nada se passa. A Alma no corpo, encolhido, envolto de algodão, não sente nada, a vela negra esta apagada. Muitos vultos silenciosos vagueiam de volta da cama, ansiosos. Quatro paredes, vacum do quarto trancado. Fluem os sonhos pelo ar, o corpo dorme, quente, e eu desesperado, passo a passo, saio do laço, deste mundo do fracasso. Para um mundo possessível onde nada para mim é impossível. Vou, corro, fujo pelo ar, as trevas abraçam-me, oh sim! Novamente posso voar! Vou dar um passeio... Para que discutir com humanos quem e de que sofre mais? Dar pérolas aos porcos  não me interessa mais. 

domingo, 10 de agosto de 2014

DRUIDAS


Inquieto dentro de si, ele entrou no bosque chuvoso para tentar perceber... As frias gotas de água deslizavam pelos seus ombros. Passo a passo, conforme se entranhava nas profundezas do bosque, o sussurro dos milhares de espíritos transformava-se em ruído. Falavam todos de uma vez, ansiosos, até que em nada ajudou para perceber. Apenas viu a imagem do seu discípulo do qual se desacreditou. Triste e pensativo voltou para casa. Pensou descansar o corpo, mas o demónio guardião de casa não deixou, falou-lhe - "acende a vela sagrada para me alimentar e te direi uma bela verdade!". E assim foi feito... E a verdade foi lhe revelada: "O Guerreiro nobre, o amuleto do qual tu ocultas e do qual tu desacreditaste, Guerreiro nasceu e sempre será, até ao fim de se unir com a eternidade. Para pagar os pecados é preciso ter o suficiente deles, e assim será com ele até que perceberá o seu destino... Mas caso duvidas, pega em mão a raiz que vos une e vê a luz!" E assim  ele fez, e viu a luz, e viu o seu grande futuro, e ficou quieto e contente dentro de si.

sábado, 31 de maio de 2014

Eu


Eu sou bom, e sou o bom, e se não o sou,
Que alguém mo diga.
Podias tu dizer, "que linda esta tua cantiga!"

Mas a razão por si é a verdade pura,
O bom é ausência do mal, 
E não existe outra pura e tão dura...

Então pergunto eu, que eu te fiz de mal?
Tu dizes - Nada...
Então a conclusão é que sou bom,
Se é que me entendes a jogada...

Golo


Minha mente demente! Não pensa, não fala, não houve não sente! Minha mente muito paciente! Eles tiraram-me o emprego, e a mente não fala, não houve não sente! Eles corromperam-me com as novelas, mas a mente não fala, não sente! Eles subiram imposto e puseram na rua a mim e todos os meus entes, mas a minha mente não fala, não houve não sente! E ficamos sujos, cheios de frio e doentes, sem assistência medica, sem educação para filhos, sem sapatos, sem dentes! Ai as nossas mentes... As nossas mentes estão doentes!!! Não falam, não ouvem, não sentem, desde que haja cerveja barata e futebol pregado nas nossas mentes! Delírio de futebol, sem limites e cheio de treinadores inteligentes! E tu gritas para televisão, mas do resto não falas, não ouves, não sentes!

Goloooo!!! Golo caralho! Golo...

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Graffiti



Eu li na parede - Joana puta!

Jesus que puta! Que puta de audácia! Não acredito! Só pode ser uma falácia!

Eu por acaso não conheço a sujeita, mas desconfio que não pode ser tão imperfeita!

Quem é que define o grau da putidade para chegar a tal banalidade?
Qual é o critério de puta? Quanto é que se paga e onde se recruta?

Eu não acredito, não aceito, e não alinharei à puta da realidade que merdas dessas façam parte das paredes da cidade!

Excelentíssimos poetas e pintores da realidade, não sejam vitimas da putidade,

Escrevam, pintem, criem, mas com Amor à Arte e a moralidade!

sábado, 15 de março de 2014

Casa do Vizinho



Sentados em casa, acomodados no seu quente sofá, já pensaram alguma vez o que acontece dentro do oceano neste preciso momento? Já imaginaram as poderosas baleias nas escuras profundezas? O que elas vêem? Que enigmas têm presenciado? Elas sim sabem de onde vem a água e para onde voltará! Já lhes passou pela cabeça como o vento que abandonou a cidade, alcança as verduras de imponentes e frias florestas siberianas! Já imaginaram a ver toda a verdade da natureza através dos olhos do felino que vive na liberdade pura? Já elevaram o vosso olhar até a maestria dos astros que respiram as origens do fogo? Já se interrogaram sob a dimensão do Universo e a possível consciência do céu que só os pássaros sabem? Já espreitaram para dentro do infinito de grutas que a Terra tem? Algumas podem estar por baixo dos nossos pés nesse preciso momento, mas nós não sabemos, não temos ideia... Tudo isso são casas de alguém! De minhocas, de pássaros, de lobos, de morcegos, de baleias, de seres mágicos, quem sabe... São casas de porta fechada para nós. Casas que não conhecemos por dentro. Apenas conhecemos as nossas próprias, querendo sempre arrombar a porta do vizinho. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Hades



Escuridão… Frio… Humidade. Trilho para profundezas, caminho para o fundo. Memórias corrosivas, tantas esquecidas e tantas todavia para lembrar… Caminho para Hades que arde de reminiscência. Desço cada vez mais fundo, sem peso do medo. Legiões de demónios seguem-me prontos a obedecer! Mas desta vez não venho para destruir, venho para descansar a alma no mundo que por direito pertence a mim. Reconheço e obedeço e assim descanso. Não posso morrer, mas viver também não posso. Já vi a minha morte, mas até lá o que será de mim?

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Fico Invisível



Fico invisível entre as chuvas dos dias cinzentos,
Fico um charco de água que reflete momentos,
Momentos de becos de graffiti cinzentos,
Na cidade fantasma um fantasma sem sentimentos,

A chuva penetra por mim, não existe mais dor,
As águas levam as cinzas de um perdido amor,
Fico poeta de ventos perdidos e Alma sem cor,
A natureza chora por mim e eu ouço hardcore,

O vento alastra o cheiro de folhas caídas,
Os olhos contemplam a tristeza de árvores despidas,
A Alma esta vazia, nada jamais será eficaz,
E eu morro, lentamente morro, porque tu não estas...