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sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Tempestade em Maio


 

De novo vieram os dias dos ventos quentes. Os dias de grandes alegrias e tristezas. Estou a caminhar pela amarela e fresca areia marinha, observando como as ondas geladas deslizam pelos meus pés, devolvendo-se ao mar. Quero levantar a cabeça e ver como as ondas do poderoso oceano desaparecem no horizonte, mas não consigo e tenho medo! ...

Tenho medo que a dor se torne ainda mais forte. Cada vez que olho para essas águas escuras, sem fim e horizonte, vejo os teus olhos: grandes e escuros, tal como essas águas. Quero afogar-me neles sabendo que tal é impossível, pois estás tão longe de mim! ... O vento primaveril sopra na minha cara, relembrando-me a ternura do teu cheiro e eu já não consigo olhar mais para baixo, junto todas as forças e olho para a longitude oceânica… Já não oiço a realidade, apenas o vento forte assobia nos meus ouvidos. O infinito dos teus olhos índigo está omnipresente. Com um olhar firme, observo esse infinito, recordando os escassos momentos que conseguimos viver. As nuvens no céu estão cada vez mais espessas, a sua cor antes cinzenta, transforma-se em negra. Um forte trovão estremece o oceano, rachando o céu com os relâmpagos de uma ponta a outra. A tua imagem dissipa-se no meio das ondas, que já se tornaram loucas. Eu estico o meu braço para tentar agarrar-te, mas compreendo que é impossível, caio ajoelhado em frente às ondas. Quero chamar por ti, mas já não tenho força. Forte aguaceiro lava as lágrimas, que escorrem pela minha cara fria e sem expressão. Dizem que os homens não choram! ... Então, porque choro eu?



As minhas mãos estão tão cansadas escrever do Amor...


terça-feira, 26 de abril de 2011

Mystery poem



No caminho que mil vezes passei - hoje estou perdido,
Por mais fortalezas que construa, frente a minha alma estou desprotegido,
Milhares de vezes, caminhando, caí e me levantei,
Mas nas garras da alma o espírito não tem resistido...

E por mais altos céus que visite não deixarei de me sentir "caído",
A escuridão na alma aos demónios mostrei,
E todos como um disseram - estou surpreendido!
À frente do meu anjo me ajoelhei, mas a resposta foi um silêncio ouvido...

E tenho medo que depois da morte não me morra e seguirei a mourejar perdido... 



sexta-feira, 22 de abril de 2011

M. Estranho-me...




Estranho-me sonhar do impossível,
Estranho-me querer ler aquilo que não é legível,
Estranho-me voltar quando já é irrevogável,
Estranho-me continuar a viver quando a morte para mim é aceitável,

Estranho-me saber amar, quando ser amado pouco é provável,
Estranho-me julgar, que dar, sem receber em troca é amável,
Estranho-me poder gostar, daquele, que tu achas miserável,
Estranho-me não odiar, quando parece o ódio inevitável,

Estranho-me acreditar no ser humano como ser afável,
Estranho-me a respeitar o bem e o mal sabendo que nenhum nem outro é fiável,
Estranho-me ter a vontade de ensinar compreendendo que o próprio saber é lamentável,
Estranho-me da minha impotência em mudar na sequência do mundo implacável...

Estranho e admiro o teu poder de me  inspirar...


terça-feira, 5 de abril de 2011

Caminhada com Anjo


Olá. Hoje quero convidar-te para uma breve caminhada pelo centro da cidade de Braga. Não vamos conversar absolutamente de nada, apenas caminhar. Não vale a pena preocupares-te com as dúvidas e perguntas que surgem agora na tua cabeça, rapidamente vais perceber o porquê das coisas.

Cinco de Abril. As horas impiedosamente atingem as oito da tarde. Nós, envolvidos na companhia do vento quente, aproximamo-nos da Arcada, trespassando com os nossos olhares o lago do chafariz que está desligado e onde o vento desenha as engraçadas figuras nas suas águas. Deixando o chafariz atrás, seguimos a Avenida Central a passo lento, apreciando na longitude a beleza das igrejas do Bom Jesus e Sameiro mergulhadas no mato selvagem. A ternura crepuscular já abraça a cidade, mas o céu ainda continua azul sem mostrar as estrelas. Eu levanto a cabeça e demoradamente observo o ousado silêncio da lua nova que se apressou a ocupar o seu lugar pelas alturas celestiais, ouvindo o monólogo do sol que desliza para baixo das montanhas que rodeiam Braga. Tu, na curiosidade, fazes o mesmo.

 A deliciosa calma que a cidade tinha foi esquecida no percurso do nosso caminho. Toda a agitação e o barulho agora concentram-se nas estradas e nos passeios que fazem atalhos. A multidão precipita-se para acabar com este dia, maravilhoso e sólido, que não quer ir embora. Hoje tu e eu temos sorte. Essa calma toda é apenas para nós... Tu sentes a respiração da grama verde ao nosso redor, apetece-te deitar nela, mas continuas a seguir-me. Estamos invocados pelo pequeno parque das árvores que nos espera a escassos metros à frente.

Encostamos as nossas costas no musgo duma enorme e grossa árvore. O musgo é muito fofo e tu sentes as tuas costas quentes e protegidas. Observas tudo o que se passa à tua volta. Uma imponente sensação de paz ocupa cada lugar da tua alma infinita. O vento, hoje muito contente e malandrote, exibe-nos o seu poder, voando a grande velocidade em várias direcções a busca de cheiros para a nossa apreciação. Dá a sensação que estamos numa casa de vinhos a experimentar as diferentes marcas de sabor divino. O vento incansavelmente empresta-nos novos e novos sabores que o mês Abril em pouco tempo tinha vindimado. Cheiro de rosas, arbustos a florescer, as tílias, as ervas... De vez em quando incomoda os nossos narizes do cheiro do fumo dos carros, como quem diz, "isto também vos pertence..."
Eu viro a minha cabeça na tua direcção, obrigando-te a cruzar o teu olhar com o meu. Pouco a pouco tu afundas-te no abismo dos meus olhos castanhos. Mais... e mais... e mais... até que acabas por fechar os teus. Tudo o que se passa à volta pára de existir. A última imagem captada pelos teus olhos arruína-se em vão e começa o infinito. Sensação de voo e euforia pura... E nada mais importa....

Quando abres os teus olhos, eu já não estou contigo, o vento levou-me. E cada vez que te fartares de viver eu estarei contigo a demonstrar como a vida é bela e acompanhar até o caminho certo.

Abraço-te e até a próxima....

sábado, 2 de abril de 2011

Pensando a rimar






Eu nunca fui um anjo...
E nem se quer o podia ser.
Mas ao contrario de muitos outros
Nunca fingi um anjo ser,
                  E só por isso o poderia ser.

Tolos são aqueles
Que anjos querem parecer!
Apenas ganham a batalha
Mas a guerra não irão vencer...

Os anjos são colegial divino,
O ser humano é apenas - ser,
Não te esqueças disto e não sejas um cretino,
E um dia a humanidade parva vai achar
                             Que foste um grande ser...