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domingo, 24 de julho de 2011

Pensamentos em Vão


O caminho do meu labirinto passa numa escuridão espessa e começa a parecer-me que a saída é uma coisa que sou eu que gostava de encontrar, mas não é uma coisa que realmente pode existir... Ajoelhado aos apalpões, constantemente, vou encontrando velas. Acendo-as, mas elas vão derretendo, são pouco resistentes, umas mais, outras menos, todas acabam por arder... Mas seja como for - iluminam, permitem prosseguir com uns passos a frente. Ademais caminhar dentro de um corpo humano é uma experiência interessante, embora seja prisioneira, porque quando quero abrir as minhas asas negras e voar, não posso, a concha da carne aperta-as... Tento resgatar-me a sair pela boca, mas o máximo que consigo é olhar o mundo que está por fora. Sento-me, pego numa faca e corto a pele. Sinto como o calor do sangue trespassa pelo braço acabando no chão com abundância. Com interesse observo a ferida do corpo que esta calmo e nem se quer demonstra algum protesto, sinto a sua dor, analiso-a... Depois resgato a alma do meu peito, ponho-a enjaulada entre as garras nas palmas das minhas mãos e sopro-lhe um bafo das recordações mais horrorosas que ela já tenha vivido. Com fogo azul nos olhos observo como ela se agoniza e expulsa os gritos penetrantes sem encontrar um sitio onde estar quieta... De repente, o eco do meu riso louco e perturbador preenche o escuro vazio do labirinto... Quando o silêncio está de volta, percebo que tenho de ir... Agito o meu corpo já meio inconsciente, levanto-me e continuo a andar lambendo o sangue...

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