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terça-feira, 5 de abril de 2011

Caminhada com Anjo


Olá. Hoje quero convidar-te para uma breve caminhada pelo centro da cidade de Braga. Não vamos conversar absolutamente de nada, apenas caminhar. Não vale a pena preocupares-te com as dúvidas e perguntas que surgem agora na tua cabeça, rapidamente vais perceber o porquê das coisas.

Cinco de Abril. As horas impiedosamente atingem as oito da tarde. Nós, envolvidos na companhia do vento quente, aproximamo-nos da Arcada, trespassando com os nossos olhares o lago do chafariz que está desligado e onde o vento desenha as engraçadas figuras nas suas águas. Deixando o chafariz atrás, seguimos a Avenida Central a passo lento, apreciando na longitude a beleza das igrejas do Bom Jesus e Sameiro mergulhadas no mato selvagem. A ternura crepuscular já abraça a cidade, mas o céu ainda continua azul sem mostrar as estrelas. Eu levanto a cabeça e demoradamente observo o ousado silêncio da lua nova que se apressou a ocupar o seu lugar pelas alturas celestiais, ouvindo o monólogo do sol que desliza para baixo das montanhas que rodeiam Braga. Tu, na curiosidade, fazes o mesmo.

 A deliciosa calma que a cidade tinha foi esquecida no percurso do nosso caminho. Toda a agitação e o barulho agora concentram-se nas estradas e nos passeios que fazem atalhos. A multidão precipita-se para acabar com este dia, maravilhoso e sólido, que não quer ir embora. Hoje tu e eu temos sorte. Essa calma toda é apenas para nós... Tu sentes a respiração da grama verde ao nosso redor, apetece-te deitar nela, mas continuas a seguir-me. Estamos invocados pelo pequeno parque das árvores que nos espera a escassos metros à frente.

Encostamos as nossas costas no musgo duma enorme e grossa árvore. O musgo é muito fofo e tu sentes as tuas costas quentes e protegidas. Observas tudo o que se passa à tua volta. Uma imponente sensação de paz ocupa cada lugar da tua alma infinita. O vento, hoje muito contente e malandrote, exibe-nos o seu poder, voando a grande velocidade em várias direcções a busca de cheiros para a nossa apreciação. Dá a sensação que estamos numa casa de vinhos a experimentar as diferentes marcas de sabor divino. O vento incansavelmente empresta-nos novos e novos sabores que o mês Abril em pouco tempo tinha vindimado. Cheiro de rosas, arbustos a florescer, as tílias, as ervas... De vez em quando incomoda os nossos narizes do cheiro do fumo dos carros, como quem diz, "isto também vos pertence..."
Eu viro a minha cabeça na tua direcção, obrigando-te a cruzar o teu olhar com o meu. Pouco a pouco tu afundas-te no abismo dos meus olhos castanhos. Mais... e mais... e mais... até que acabas por fechar os teus. Tudo o que se passa à volta pára de existir. A última imagem captada pelos teus olhos arruína-se em vão e começa o infinito. Sensação de voo e euforia pura... E nada mais importa....

Quando abres os teus olhos, eu já não estou contigo, o vento levou-me. E cada vez que te fartares de viver eu estarei contigo a demonstrar como a vida é bela e acompanhar até o caminho certo.

Abraço-te e até a próxima....

2 comentários:

  1. Muito bem escrito, cheio de subtilezas e nuances que aportam ao texto força e garra. Parabéns. GOSTO MUITO-

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  2. Gostei muito, muito !!...

    Sei o significado de cada uma das tuas palavras e aquilo que elas representam, porque eu estava lá!... Também Eu, procurei encontrar respostas para alguns problemas!... E sei que, é em cada um de nós, que elas se encontram, quando conseguimos a tal "harmonia" com a Mãe Natureza. Se estivermos concentrados e atentos Ela nos ajudará a encontrar a solução...mas claro que às vezes, isso também pode causar dor e sofrimento, porque aquilo que nós queremos não corresponde àquilo que nos espera e nos poderá levar à "paz de espírito" que cada ser humano pretende para a sua Vida.

    Bj e obrigada

    Paula Costa

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